Thursday, 11 December 2008
"Beau Brummel" O Arquétipo do Dandy.
George Bryan Brummel ( 1778- 1840 )
George Bryan Brummel que ficou eternizado sobre o cognome de "Beau Brummel"desenvolveu uma postura e uma filosofia de vida que o tornou na referência do conceito do "Dandy" e num temido oráculo da estética, do "gout"e do estilo.
Este poder era exercido com a convicção de alguém que o tinha conquistado individualmente e consolidado socialmente, através da sua amizade influente e protectora com o Principe Regente George (filho de George III e mais tarde coroado como George IV).
Ele era também exercido através de uma grande capacidade de sagacidade, ironia e "esgrima" verbal, que lhe angariou fama e que o tornou temido na sociedade londrina, mas também que iria ser a causa da sua perdição, num "faux pas" verbal, dirigido ao seu real protector e amigo, única garantia contra os seus inimigos e credores.
Embora "Beau Brummel"tenha alcançado as mais altas esferas das "Upper Classes" inglesas da época "Regency", ele não nasceu aristocrata. Ele nasceu em Londres em 1778 como George Bryan Brummel, filho de um primeiro secretário de Lord North que desempenhava as funções de Primeiro ministro no reinado de George III.
O avô de Brummel era um humilde lojista na Paróquia de St. James em Londres.
No entanto terá sido através do ambiente em que seu pai exercia o seu cargo, que Brummel terá tido o seu contacto desde a infância com o mundo onde iria, mais tarde, reinar ...
De qualquer maneira, foi-lhe proporcionado o ingresso em Eton, que constituiu uma verdadeira escola onde pode desenvolver os seus atributos, qualidades, talentos e "network" social que lhe garantiram popularidade entre os alunos e lhe proporcionaram o seu ingresso no Oriel College em Oxford. (também ilustrado neste post)
As qualidades de eloquência sagaz e trocista que iriam caracterizar o seu discurso em sociedade, já estavam de certeza presentes no talento literário que revelou em Oxford ao ganhar o segundo prémio no Newdigate Prize.
A sua fama chegou ao Principe Regente, mais velho que Brummel, que lhe arranjou um posto como capitão do regimento de Cavalaria dos "Tenth Hussars"(1794) , que portavam um impressionante uniforme onde Brummel podia brilhar em Sociedade. É neste período que a sua relação com o príncipe se torna muito chegada.
O seu porte, maneiras e observações tornaram-no num verdadeiro e temido "arbitum elegantarium", tornando-se no verdadeiro oráculo do gosto e das elegâncias da Corte.
Ora, por esta descrição, o leitor irá imaginar que o conceito de estilo desenvolvido por Brummel era caracterizado pelo exagero, o excesso tanto na cor como no detalhe, pelo histerismo e hedonismo no porte e nas maneiras...
Nada poderia estar mais errado. Brummel "cristalizou" num estilo quase uniforme as tendências que a moda masculina tinham vindo a desenvolver a partir dos finais do Sec. XVIII, com a libertação progressiva da moda da Corte Francesa, baseada nas sedas, nas cores e decorações frívolas e exageradas, através da influência do traje do fidalgo inglês campestre, traje simples e prático e funcionalmente determinado pela equitação e vida ao ar livre.
Os elementos desta nova receita redutora estão bem patentes na figura da direita e na sua legenda. A substituição definitiva do calção e meia pela calça de montar de cor bege e em pele, acompanhada por um colete da mesma cor. A "cristalização" da "reddingote" (riding coat) num casaco azul escuro com botões de latão. A camisa de linho branco e respectiva gravata do mesmo material e cor, que Brummel leva à arte suprema da higiene e brancura. O corte neo-clássico do cabelo à "Titus", ou seja inspirado nos bustos romanos.
E ACIMA DE TUDO, uma higiene exaustiva do corpo, dos cabelos, da barba levando o todo a um escanhoamento de quase polimento da pele.
Polimento também é como se classificar o tratamento dado às botas "à Hussard", onde mesmo as solas eram engraxadas...
Brummel desenvolveu pois um verdadeiro uniforme fixo e que nunca mudava, podendo encontrar a excelência no corte e na linha da indumentária e no grau de higiene do corpo.
A isto acrescia uma subtileza do porte, das maneiras, contido, numa elegância nunca efeminizada... Talvez o ideal de Brummel tivesse sido enunciado nos finais do Sec.XVIII por Winkelmann, quando, referindo-se à estatuária Grega do Classicismo, a descrevia numa formula ideal : "Noble Simplicity, Quite Grandeur"...
Bem ... o ideal era este, mas a vida de Brummel tendia para os gastos excessivos e para as perdas ao jogo .... Em 1799 com a morte do pai, ele herda a simpática quantia de 30.000 libras, o que lhe permitiu agravar ainda mais o seu estilo de vida dispendioso.
Estes excessos eram-lhe perdoados pela influência do seu papel social. Ele reinava e aterrorizava os mais inseguros no Clube "WHITE'S ( ainda existente) e tudo lhe era perdoado através da influência do Príncipe .... até um dia onde o seu estilo de vida, as suas dividas, levaram a tensões crescentes ... e a um "faux pas" com o seu protector.
Estando Brummel a perder progressivamente o controle sobre as consequências do seu estilo de vida, um dia, encontra um amigo seu na companhia do Principe e lança a frase fatal referindo-se â silhueta do mesmo príncipe "Who is your fat friend"?
A partir daí, deste fatidico momento, a queda de Brummel toma lugar, sendo obrigado a fugir para França dos credores e de uma Sociedade cada vez mais hostil (1816).
Em França os problemas amontoam-se, e escapa à prisão por dividas através de um posto de Consul que alguns amigos ainda lhe conseguem arranjar (1830-1832).
Mas a decadência acentua-se a todos os niveis . Também na aparência. Acaba por ser internado num Manicómio em Caen ( Asilo do Bon Sauveur).
Mas para Brummel, o anterior "Beau" já não havia salvação. Acaba por morrer na mais profunda miséria no mesmo Asilo em 1840.
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